terça-feira, 4 de setembro de 2012

IMPRESSÕES SOBRE AUDIÊNCIA PÚBLICA SAÚDE DA MULHER: DESAFIOS À MATERNIDADE 29/08/12

Boa tarde a todos!

Audiência Pública na ALESP: Saúde da Mulher: Desafios à Maternidade no Estado de São Paulo
    Neste post falarei um pouco sobre as minhas impressões em relação à audiência que ocorreu na última quarta-feira na ALESP. Esta audiência foi solicitada pelo curso de Obstetrícia com apoio de diversas instituições que compartilham os mesmos ideais referentes à saúde da mulher, em especial ao parto.
(Representante da AO/USP)
    Uma das questões levantadas refere-se à criação do cargo público, na área da saúde, de Obstetriz no Estado de São Paulo. O que possibilitaria a participação destes profissionais em concursos públicos. Estamos diante de uma das muitas incoerências que envolvem esta profissão. Este profissional é formado por uma universidade pública, com recursos da população, portanto, recursos públicos. Uma das principais funções de uma universidade pública é retornar à população todo este investimento, através da capacitação, com qualidade, e atuação destes profissionais nas diferentes frentes do serviço público. Sabemos da real necessidade deste profissional no SUS. Somos formados por uma universidade pública de qualidade, mas não podemos trabalhar numa instituição pública. É, ou não é, incoerente?! 
AL: gestantes dão à luz no chão em única maternidade de alto risco
(Foto extraída do site Terra/Notícias)
     A questão apontada acima, sobre o reconhecimento e a regulamentação da profissão de Obstetriz e a importância de sua inserção nos sistema de saúde público está diretamente relacionada a esta reportagem  e nos direciona a uma outra questão levantada nesta audiência pública: Casas de Parto. O fechamento da Casa de Maria e a resistência na criação de novas casas. Nesta matéria, um dos profissionais que trabalha nesta maternidade aponta que apesar de serem um centro de maternidade de alto risco atendem também gestações de baixo risco o que contribui para a superlotação e estas lamentáveis cenas. Se as gestantes de baixo risco precisam procurar esta assistência é porque há falhas no sistema, há precariedade e falta de estrutura para atender estas mulheres. Outra incoerência: Porque tanta resistência à criação de Casas de Parto? Todos os dias os noticiários nos lembram da necessidade de se ampliar e melhorar esta assistência. Gostaria que as Casas de Parto fossem mais uma alternativa de qualidade para escolha da mulher e não solução de carência. Mas, no atual cenário de assistência ao parto no Brasil, independente da via de motivação para sua criação, certamente as mulheres deste país ganham com esta amplificação. 
     Argumentos contrários: "Parto é um ato médico". "Não há segurança para o parto na Casa de Parto", pensamentos como estes revelam que todas as questões que envolvem o universo de parir são questões políticas. Na apresentação da representante da REHUNA estava a seguinte frase: "Em torno do significado de 'humanização', no que se refere especificamente à assistência obstétrica, tem se constituído um campo de disputas, conflitos e negociações" (DINIZ:2001).  Eu especificaria que há disputa de classes, de interesses, muitos perversos, que não consideram em nenhum momento a pessoa humana, apenas o desejo de tomarem para si um evento que não tem outro dono a não ser a própria mulher.
    Costurada a estas questões apontadas na audiência apresenta-se outra: O Brasil com a maior taxa de cesáreas no mundo. Percebem como tudo está relacionado e constituem uma lamentável cascata. E mais uma vez, os interesses por poder, por dinheiro, por controle falam mais alto. Se há evidências científicas que comprovam que é muito melhor para a mãe e para o bebê (exceto as excessões necessárias de cesárea) o parto vaginal, porque continuamos contrariando as evidências? Porque é um jogo político. 

    E como parte e consequência de todo este breve panorama que lá se apresentou, outra questão que permeia todos os discursos: A Violência Institucional que se pratica contra mulheres e os recém-nascidos.Uma questão que nos provoca indignação e revolta. São tantas barbaridades cometidas e, infelizmente, banalizadas, pois naturalizamos a violência. Não somos mais capazes de nos indignar com atos violentos e desrespeitosos como bem mostrou, no vídeo,  a Dra. Ana Paula Caldas (neonatologista), a forma como os recém-nascidos são recebidos e que a maioria da população foi eduacada a crer que esta é a melhor maneira.
    Mulheres que dão à luz algemadas. E a diversas práticas de violência que ocorrem todos os dias, em diversas partes deste país.


 Leiam, pensem, comentem a idéia é refletir e discutir!